Pesquisar neste blogue

no local

--------------------------------* OS DESENHOS DESTE BLOGUE RESULTAM DA OBSERVAÇÃO DIRETA E FORAM FEITOS NO LOCAL *

«Não se deve querer fazer uma vez mais aquilo que a Natureza já fez perfeito. Não se deve querer parecer verdadeiro pela imitação das coisas.»
George Braque in «Cahiers de G. Braque»

sábado, 18 de abril de 2020

18 de abril; Corte e costura





Sara Silva, Corte e costura, 2020
Linha, tinta de marcador e esferográfica sobre papel, 27,8 x 21 cm

Tive a ideia de usar a linha como se tivesse a costurar o papel. À medida que ia definindo o seu percurso, ia fazendo buraquinhos com a agulha, agredindo-o. E quando passava a linha, se acentuava a agressão. Foi um processo lento, porque foi a primeira vez que fiz algo do género e não queria que rompesse ou os buraquinhos se unissem. Não pude exercer muita força. Em todo o caso, chegou a romper e no olho assumi o buraco aumentando-o. Até gosto porque posso usar a folha como layer.

Estava escurecendo e estava um azul luminoso lá fora, encostei à janela e deu umas cores bonitas ao desenho. 

Em relação aos modelos, tive sorte porque não se mexeram muito, ou seja, pude jogar com calma, mesmo havendo variações de poses ou o surgimento de uma nova figura depois de tê-lo começado.

Também quando virava a página, espreitava os resultados dos versos, no outro lado do espelho.

Quando digitalizei, coloquei a folha à frente do ecrã do portátil e vi os buraquinhos iluminados como uma constelação e linhas do verso, até se vê uma linha que resultou de um pulo maior. 

2 comentários:

Alexandra Baptista disse...

Gosto destas linhas cosidas, o verso das páginas são também uma excelente via a explorar.

Margarida Andrade disse...

Sim, os versos também se tornam interessantes. Gosto muito. Têm muita expressividade os desenhos.