Sara Rocha Silva, Moldura, quadro e enquadramento, 2020
Tinta de marcador e acrílico sobre papel, 27,8 x 21 cm
Gostei de ver uma nova constelação na folha, os pontinhos, talvez, sinais de pausas que não foram pausas. Envolvi-os de negro óxido de ferro. O céu na folha fez-me olhar para o manto nocturno, um céu com estrelas cobertas. Fiz uma cor depois de olhar e reolhar para ele, tentando identificar tons: um pouco de negro fumo, magenta, amarelo, azul cerúleo e ciano, sendo o negro o dobro da quantidade.
Lembrei-me de fazer um rectângulo ou quadrado como uma caixa, onde se põe a mão no desconhecido ou como uma área limitada pelo que interpelasse entre mim e o fundo. Quando olhei para o manto, eu estava dentro de uma caixa iluminada. Comecei por mãos à obra, mas ainda tinha pontinhos e não os quis esconder, porque acho os bonitos. Ultimamente quando olho para as estrelas, recordo-me de uma frase de Van Gogh que estava na entrada de uma exposição. Dizia ele que olhar para as estrelas, fazia-o sonhar. Ou na ideia de glorificação, de infinito e desconhecido.
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