Pesquisar neste blogue

no local

--------------------------------* OS DESENHOS DESTE BLOGUE RESULTAM DA OBSERVAÇÃO DIRETA E FORAM FEITOS NO LOCAL *

«Não se deve querer fazer uma vez mais aquilo que a Natureza já fez perfeito. Não se deve querer parecer verdadeiro pela imitação das coisas.»
George Braque in «Cahiers de G. Braque»

terça-feira, 2 de abril de 2019

Dia Internacional dos Centros Históricos

Vila Franca, 30 de março, 2019
(A chuva não facilitou a vida aos sketchers, que vinham com ideias de registar os recantos da Vila. E muito fizeram. Como não sei desenhar, aqui fica um pouco do meu esboço, a fazer prova de que lá estive, embora num outro tempo…)
Aquela manhã parecia igual a todas as outras manhãs do mundo. Acordaram gratos pela vida, repetindo os gestos de todos os dias…
Depois foi o terror perante aquele ronco vindo do interior da terra. A Serra a abater-se sobre o povoado. A impotência perante a fúria divina. O medo. A indagação sobre que pecados tão grandes teriam sido cometidos para despertar em Deus essa zanga e esse castigo tão desmedidos. O pasmo humano, perante o poder inultrapassável dos deuses todos.
E o desespero. A busca, em agonia, de algum sopro de vida debaixo dos escombros. A fúria rouca da terra a juntar-se à dor amarga dos homens perante esse implacável tribunal divino.
Foi então o nascer das Romarias. Os prantos, em pedidos de perdão, à Virgem. Os lamentos dolorosos pelos caminhos perdidos da Ilha. Esses cânticos dolentes que vêm do princípio de tudo, que mergulham no fundo do tempo e do espírito…
Maria João Ruivo

Sem comentários: