Hoje foi o reencontro dos urban sketchers no anfiteatro das Portas do Mar. Foi muito giro e fiquei bastante surpreendida. A ideia da panorâmica era algo que já me atraia, tendo em conta o lugar que era, no entanto só me apercebi que tinha ido poucas vezes ao cimo, quando estava a caminho, a avistá-lo de longe. O dia está óptimo e o mar estava um rio. Quando vi todos sobre o parapeito da janela panorâmica, eu pensei que se fosse desenhar dali seria mais um enquadramento semelhante a todos os outros, depois desfiz-me dessa ideia, pois cada um vai desenhar de forma diferente. As suas escolhas e outros vão dar corpo aos seus registos. Entretanto comecei a olhar para a linha do horizonte e vi uma subtil curva, em vez de uma linha recta como por norma tendemos a fazer. Lembrei-me de um sketcher que usa a perspectiva do olho de peixe. Acho que é assim que se chama e não me recordo do nome do senhor. Talvez Prescópio ou algo do género. Não sei. Desenhei a linha e daí comecei num jogo de proporções e claro-escuro acentuado, sem meios tons, sendo fiel ao que observava. Não cheguei a seguir a ideia inicial de fazer tudo o que avistava pela janela, contudo ainda pôs a hipótese de seguir no verso e páginas seguintes. O que acabei por não completar. Quem sabe não continuo seguindo a linha de horizonte nos próximos.
Tem algo que também marcou-me o encontro: senti uma presença de alguém próximo e comecei a pensar no covid. Ainda convivo com pensamentos desses, não só ocorreu hoje como noutros dias. Ainda me preocupa, no entanto tento seguir com alguma normalidade e levar de espírito mais leve, sentindo-me por vezes tola por pensar nisso e por ver todos descontraídos.
Sara Rocha Silva, Fomos acampar ao Faial, 2020
Tinta de esferográfica e marcadores sobre papel, 148 x 210 mm
Fomos passar um dia ao Faial. Acampamos por lá, sendo um dos desenhos no parque de campismo de Almoxarife, frente à praia. Outro nos Capelinhos e os primeiros no barco Gilberto Mariano. Fomos também à Caldeira mas estava tapado. Numa foto que vi, aquilo parecia um lugar tirado dos contos de fadas, aliás fez lembrar a história dos dinossauros. Temos que passar por um tunel entre a montanha, uma passagem como quem entra pela toca do coelho. Durante o dia também fizemos canadas à procura de um sitio para almoçar. Não era qualquer carro que passava por lá. O GPS enganou-nos. Almoçamos no restaurante Aldina. Aconselho. Muito boa a apresentação e os pratos muito saborosos.
