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«Não se deve querer fazer uma vez mais aquilo que a Natureza já fez perfeito. Não se deve querer parecer verdadeiro pela imitação das coisas.»
George Braque in «Cahiers de G. Braque»

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

(a) Riscar o Património

(a)Riscar o Património
Jardim Botânico José do Canto- Artes, Património e Lazer

Comemorou-se no dia 28 de setembro mais um (a) Riscar o Património. Uma iniciativa dos Urban Sketchers Portugal conjuntamente com a Direção Geral do Património Cultural, Urban Sketchers Açores e Fundação  José do Canto.
O anfitrião foi o imponente Jardim José do Canto, mesmo no coração da cidade de Ponta Delgada. Debaixo de um calor ardente e humidade tão caraterística das nossa ilhas, fomos amavelmente recebidos por um elemento da Fundação José do Canto.
Um jardim que posso dizer que foi “ o jardim da minha infância”. Tive o privilégio de nascer e crescer a dois minutos do referido monumento natural.

Infelizmente nos anos 80 o jardim esteve ao abandono, o que por um lado facilitava o acesso ao mesmo. Muitas foram as vezes que juntamente com os meus irmãos e vizinhos brinquei por entre as majestosas árvores e caminhos abandonados, num labirinto de risadas e corridas, escondendo gargalhadas e alegrias por detrás dos largos troncos.
Também recordo com saudade o “meu querido pai” com o nosso pastor alemão de seu nome “conselheiro” que tantos passeios ali davam.
Depois de uma breve viagem ao passado, voltamos ao presente….
José do canto nasceu em 1820 e casou com uma jovem prima de famílias abastadas da ilha do Faial.
Desde sempre se interessou pelas árvores, agricultura e cultura do chá.
Começamos com uma breve visita à Ermida de Sant´Ana. Pequena, simples, mas bela. Outrora usada para cerimónias fúnebres. No mês de julho comemorava-se a festa de Sant Ana, com procissão, bazar e comes e bebes.
Era uma festa de vizinhança. Como posso não regressar de novo ao passado??
Continuando a navegar no dia de hoje, fomos visitando o jardim por entre espécies raras e majestosas que nos abriam os braços num misto de boas vindas e simpatia pelo grupo que atarefado preparava o papel e o pincel para começarem a “desenhar o património “. O Grande PATRIMÓNIO que José do Canto nos deixou. O legado que temos de amar e cuidar. Espécies vindas da Europa e Estados Unidos, algumas delas plantadas pelo próprio José do Canto .
Cantinho reservado a espécies endémicas em homenagem aos Açores . Logo ali, vizinho um recanto de bambu a dar um toque oriental ao som da melodia dos passarinhos que por ali habitam
Paragem obrigatória junto à majestosa estátua de José do Canto. Altiva figura com um livro debaixo do braço direito e com um olhar projetado para o futuro. Olhando para a minha rua. A rua do Frias que fica mesmo em frente ao jardim. E lá voltei ao passado….
De realçar que este monumento foi uma homenagem de Augusto Ataíde no ano de 1950.
E fomos andando e devagando por entre árvores centenárias num misto de verdes que nos transmitem uma esperança de uma ambiente saudável, numa altura em que se fala tanto do clima e das suas consequência para o nosso bem estar e sobrevivência.
Que hajam muitos “José do Canto” e que saibamos aprender com a experiência e legado que nos deixou como herança.
O roseiral colorido alegrava o nosso percurso até que chegamos à zona do Palácio, sem antes vermos a estufa que hoje é utilizada apenas para eventos sociais e que outrora era usada para plantios.

Chegava a hora de almoço e o ar saudável abria o apetite. Um galo de penas coloridas dava as boas vindas à “sala verde”, onde fizemos um pic-nic à beira da piscina.
Descansados e saciados, fomos agraciados com um inspirador momento de poesia de Camões e Cesário Verde, entre outros. Poemas de e para a natureza recitados de forma poética e agradável aos nossos ouvidos.

José do Canto era também um homem das letras e das artes em geral.
Respirava-se cultura, arte e bem-estar. Letras, desenhos e natureza. Um trio perfeito num dia perfeito num jardim maravilhoso. O jardim José do Canto. O “meu” jardim. O “nosso” jardim.  O jardim “pulmão e património “ da nossa cidade, da nossa ilha, do nosso arquipélago, do nosso mundo que se quer cada vez mais saudável e arborizado.
“A saudade nunca leva ao início do tempo”- diz o poeta. Com essa iniciativa senti saudade e consegui ir ao início do tempo.

Vivi o tempo passado, o tempo presente e o desejo de viver o tempo futuro.



Respirava-se cultura, arte e bem-estar. Letras, desenhos e natureza. Um trio perfeito num dia perfeito num jardim maravilhoso. O jardim José do Canto. O “meu” jardim. O “nosso” jardim.  O jardim “pulmão e património “ da nossa cidade, da nossa ilha, do nosso arquipélago, do nosso mundo que se quer cada vez mais saudável e arborizado.
“A saudade nunca leva ao início do tempo”- diz o poeta. Com essa iniciativa senti saudade e consegui ir ao início do tempo.
Vivi o tempo passado, o tempo presente e o desejo de viver o tempo futuro.


Desenhos: Pedro Arruda
Texto: Ana Cristina Arruda


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