26/10/2019
54º encontro de desenho em cadernos |
Urban Sketchers Açores Desenhar na Torre de Controlo de espaço Aéreo- NAV
Debaixo de um olhar cinzento abraçado por nuvens assopradas
de um vento atlântico a dar as boas vindas à tempestade tropical “Pablo” fomos
amavelmente recebidos com honras de casa pelo chefe do Controle de espaço
Aéreo- NAV.
Ainda um pouco ensonados, estado próprio de uma tão desejada
manhã de sábado, em que o físico e o psíquico já tanto anseiam por um bom
descanso após uma semana de trabalho, fomos convidados a subir quatro escadas
até chegarmos à tal sala. A sala onde tudo se passa, onde se faz o controlo
aéreo das partidas e chegadas.
O
sentimento, atrevo-me a dizer foi unânime entre os muitos participantes. “Uau
“que vista. Um olhar e uma perspetiva única sobre toda a pista. Como fundo de
pano sempre o nosso mar. Hoje com uma cor mais cinzenta a combinar com as
nuvens, mas como sempre uma pintura digna de um grande artista. Vislumbra-se
igualmente parte da cidade que muito cresceu para os arredores com construções
modernas. Lá ao longe conseguimos alcançar duas imponentes araucárias e alguns
montes verdes a lembrar que estamos na ilha. Aqui temos mesmo a noção de sermos
ilhéus. Uma pequena porção de terra rodeada de mar por todos os lados.
Com muita
atenção e paciência o nosso anfitrião explicou-nos o conteúdo e funcionamento
da torre.
Parecia
que eramos personagens de um filme sobre aviação.
Todo o
teto repleto de réplicas de aviões pequenos, simbolizando a Sata, TAP, Rynair,
entre outras companhias.
Uma sala
repleta de tecnologia com muitos ecrãs, mapas, computadores, luzes, bússolas,
etc.
Um
trabalho de equipa geralmente com dois funcionários, divididos por três turnos.
O inglês
ouve-se entre as comunicações estabelecidas com a torre e os comandantes.
A
adrenalina é uma constante entre essas quatro paredes. No verão, em especial
nos últimos dois anos, o intenso tráfego aéreo, e no inverno as adversidades
atmosféricas. Sempre atentados e preocupados com a segurança de todos.
Ao longe,
e já com algum nevoeiro a abater-se sobre a pista e a chuva a marcar a sua
presença, vê-se uma Sata (a mais pequena) a aproximar-se à pista. Cá de cima a
sensação é outra.
Até parece
que estamos a ajudar o avião, a dar-lhe uma mão.
O
aeroporto é um espaço único e marcante na vida de todos nós, em especial dos
ilhéus. O avião é o meio mais usado para podermos sair do “nosso cativeiro” para
o exterior.
É a porta
de entrada e saída para o mundo. Quem não tem histórias para contar/recordar do
aeroporto?
Chegadas e
partidas dos nossos emigrantes e familiares. Lágrimas e abraços de alegria no
momento de chegada, transformadas em tristeza e saudade no momento do adeus.
E é assim
a vida. Como um aeroporto.
Feito de
chegadas e partidas, de alegrias e tristezas, de lágrimas e sorrisos.
É uma
viagem nos céus que ora estão azuis ou cinzentos, mas que acaba sempre por
levar a uma aterragem que se deseja que seja segura e serena.
Desenhos: Pedro Arruda | Texto: Ana Cristina Arruda
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