Pesquisar neste blogue

no local

--------------------------------* OS DESENHOS DESTE BLOGUE RESULTAM DA OBSERVAÇÃO DIRETA E FORAM FEITOS NO LOCAL *

«Não se deve querer fazer uma vez mais aquilo que a Natureza já fez perfeito. Não se deve querer parecer verdadeiro pela imitação das coisas.»
George Braque in «Cahiers de G. Braque»

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Boletim - Outubro 2020

62 º Encontro Urban Sketchers Açores

               

No passado dia 24 de outubro realizou-se no Museu do Tabaco da Maia o 62º Encontro dos Urban Sketchers Açores. Cumprindo todas as regras de segurança impostas pela situação de pandemia em que se vive atualmente, o grupo reuniu-se mais uma vez com o intuito de desenhar vivências e partilhar experiências.     

A Fábrica de Tabaco da Maia, considerada uma das mais antigas da ilha de São Miguel, laborou na freguesia da Maia entre 1871 e 1988. Esta fábrica foi fundada por Manuel Bento de Sousa, tendo os seus filhos e netos dado continuidade à sua obra, por morte do seu fundador. A partir dos anos 80, e devido à concorrência por parte de outras empresas do sector bem como ao fraco investimento que, nos últimos anos, se tinha vindo a fazer na fábrica, esta começa a entrar numa fase de declínio, fechando as suas portas em 1988. A estrutura dos edifícios dissociou-se das respetivas funções mas permaneceu viva a memória dos processos técnicos da produção agrária e industrial do tabaco. Desta forma, a Fábrica de Tabaco da Maia, para além de ser um marco insubstituível da memória coletiva da Comunidade Local é, também, um elemento fortemente caracterizador e identificativo para todos aqueles que visitam a Zona Oriental do Concelho da Ribeira Grande. Tudo isto nos foi contado no local pela amável Madalena que nos fez uma visita guiada ao Museu. Tendo como pano de fundo um sol maravilhoso a lembrar que o verão ainda não partiu totalmente, até ao tom dourado das folhas, ao verde imenso dos campos férteis, fomos acolhidos num ambiente de relíquias que nos fizeram voltar ao passado, ao mesmo tempo que vivíamos o presente sob o aroma do tabaco e das ervas aromáticas também ali plantadas.

Visitamos os diferentes compartimentos do museu, desde a tipografia, à receção ( que antigamente funcionava como antigo refeitório das senhoras que ali trabalhavam), à sala de secagem, etc.

Peças antigas e recuperadas de um valor imenso. Valor material e sentimental, pois transmitem vivências de um povo dedicado ao cultivo do tabaco e produção do mesmo.

A Maia e o seu povo foram desde sempre pessoas dedicadas à terra. Dotadas pela mãe natureza de uma grande fertilidade souberam sempre tirar proveito da mesma. Freguesia com vida, com cultura, com vontade de perdurar ao longo dos tempos.

Os sketchers deliciaram-se com muitos momentos para desenhar. Uma viagem feita em poucas horas a muitos anos de distância. É esta a magia de desenhar no momento, no sítio.

No final como sempre a foto de grupo. Todos de máscara como se impõe como medida de segurança, alguém ao meu lado comentava “porque estou a sorrir se estamos com máscara? “ao que respondi “acho que estamos todos a sorrir “ E que bom que assim é! Temos de sorrir sempre! Mesmo com máscara. Porque são os olhos o espelho da alma. E quem sorri transmite para os olhos. E estávamos felizes por estarmos mais uma vez juntos e a desenhar.

 

Ponta Delgada, 27 de outubro de 2020.

Ana Cristina Arruda

Sem comentários: